Educadores pelo Mundo

Educação na Finlândia

Nos idos dos anos 70, esta pequena nação – quase sempre gelada – do norte do planeta chamada Finlândia deu início a um processo de transformação no seu sistema educacional que passou por uma robusta reforma curricular e de treinamento de professores que culminou no sucesso atual da educação do país. Mas o que realmente levou a essa transformação?

Antes de tudo, a verdade precisa ser dita, não foi apenas por meio da adoção de mudanças metodológicas ou pela inserção de recursos tecnológicos de última geração, o ponto central para a obtenção destes bons resultados foi (e ainda é) o foco na figura do professor.

Nem sempre é de bom tom se lançar na cara algumas verdades que soam antipáticas, mas se o desejo é o de se manter na linha tênue da honestidade, precisa-se declarar algumas coisas sobre a Educação Finlandesa:

– A aula expositiva: não foi extinta. Na verdade, continua firme, forte e saudável. As metodologias ativas existem e são aplicadas. As plataformas tecnológicas educacionais são amplamente utilizadas e os professores são treinados para fazer uso tanto de novos métodos, quanto dos novos recursos, entretanto boa parte das aulas é a tradicional aula explanada, como tão bem a conhecemos por estas bandas.

– O aluno como foco do processo ensino-aprendizagem: comente até a página 3, isto é o aluno merece foco, mas a autoridade do professor não é questionada. Não é, portanto, um laissez faire ou um contínuo oba-oba, como alguém poderia cogitar no Brasil. Então, essa imagem do “aluno-protagonista” é desmistificada, porque o aluno participa e atua ativamente, mas o líder do processo é sempre o professor. Por sinal, se eu quisesse sintetizar o que aprendi na Finlândia sobre o sucesso do seu sistema educacional, poderia dizer apenas o seguinte: na Finlândia, o professor é bem preparado, tem autonomia e autoridade. Para usar um termo moderninho, o professor, por conseguinte, é empoderado.

– Os alunos não passam o dia inteiro na escola: isso. Não passam. A maioria das escola não adota o que chamamos de “período integral”. Há poucas aulas por dia se compararmos ao sistema brasileiro. Em compensação, o currículo é menor, mas centrado no que realmente é fundamental se aprender.

– As metodologias ativas são usadas como parte de um blend: é a tal blended education ou, como chamamos, ensino híbrido. O problema é que a gente confunde ensino híbrido com ensino remoto, ainda mais depois do advento da pandemia. Porém nem todo ensino remoto é híbrido, principalmente quando não há, de fato, qualquer mistura de métodos, mas apenas a aula remota e mediada por recursos tecnológicos. Nós, brasileiros, precisamos entender que nem toda aula remota é moderna. A tecnologia pode até ser. Mas se a aula continua a ser a mesma lenga-lenga de sempre, não dá para chamar isso de moderno.

O efeito desta e outras transformações na educação da Finlândia, como também no seu processo de formação dos professores, pode ser visto, por exemplo, nos resultados do país no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), no qual a Finlândia se destaca por possuir e apresentar resultados exitosos constantes, ocupando nos últimos vinte anos uma posição de destaque entre os melhores desempenhos, desde que adotou a reforma centrada na melhoria da qualificação do professor.

Professor- Mestre Max Franco é gestor educacional e um dos diretores pedagógicos do projeto Educadores pelo Mundo, que leva educadores de todo o Brasil para conhecer os sistemas educacionais de diversos países. Em 2023, os Educadores pelo Mundo conduzirão grupos para a Finlândia e Portugal. Conferir no www.educadorespelomundo.com.br