É difícil encontrar uma área profissional que não tenha sido atingida em cheio pela pandemia. Entretanto, sem dúvidas, a Educação foi seriamente alvejada pela munições de um vírus que não apresentou compaixões. Os prejuízos pedagógicos são tão avassaladores que fica até complicado se fazer balanços.
A implementação da BNCC, por exemplo, parece-nos um artigo luxuoso quando até o básico não é assegurado. Afinal, não é todo estudante que consegue ter acesso às aulas durante a pandemia.
Os caminhos da Educação brasileira foram definidos pela BNCC que foi promulgada em 20 de dezembro de 2017. O prazo final para a implementação da Base, como um todo, foi o ano de 2020. Em 2019, ela começou a ser introduzida na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. No Ensino Médio, a implementação deveria ter sido iniciada em 2020 no primeiro ano e seguir até 2022, quando será implementada no 3o ano. O problema é que este processo também foi atingido pela pandemia e, mesmo que alguns sistemas de ensino apostilados e editoras do segmento educacional já tenham montado os respectivos projetos, muitas escolas estão com dificuldades para realizar estas adequações.
Uma das questões que trazem mais dúvidas aos educadores, além do Itinerários formativos, é o componente denominado Projeto de Vida. O Novo Ensino Médio torna obrigatório que o Projeto de Vida dos estudantes seja desenvolvido em todas as escolas, com o intuito de desenvolver algumas habilidades, como cooperação, compreensão, saber argumentar, fazer uso de tecnologias, respeitar e analisar o mundo ao seu redor.
O Projeto de Vida é um componente curricular do Novo Ensino Médio, de acordo com a Lei nº 13.415/2017, que estabelece as diretrizes e as bases da educação nacional, e define no artigo 3º § 7º que:
“Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu Projeto de Vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais”.
A BNCC propõe o Projeto de Vida entre as suas 10 competências gerais, que devem ser contempladas até o Ensino Médio. A competência de número 6, “Trabalho e Projeto de Vida”, prega:
“Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais, apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu Projeto de Vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade”.
É importante que as escolas se dediquem a desenvolver esta competência, considerada como fundamento básico para a formação integral dos estudantes.
O Projeto de Vida deve possibilitar ao estudantes experiências na escola, com a tutoria dos professores, mas respeitando a autonomia para tomarem as próprias decisões. Dessa forma, o jovem deve elaborar o próprio Projeto de Vida, a partir das suas preferências, mas com a facilitação da escola.
O novo Ensino Médio tem como foco essa competência, que abriga os aspectos acadêmico, profissional, social e pessoal, com o objetivo de promover a formação integral dos estudantes, ao favorecer orientações, experiências e os conhecimentos necessários para encontrarem seus lugares no mercado de trabalho. A intenção é a de formar cidadãos responsáveis, participativos, críticos e éticos.
O trabalho com Projeto de Vida deve possibilitar experiências que abram horizontes sobre os novos desafios da contemporaneidade (sociais, econômicos e ambientais) e que, por sua vez, ajudem a formar protagonistas, ou seja: sujeitos críticos, cooperativos, criativos, autônomos e socialmente responsáveis.
Para se trabalhar com Projeto de vida, a escola deve promover experiências em diversas áreas:
- Favorecer a atribuição de sentido às aprendizagens;
- Garantir o protagonismo dos estudantes em sua aprendizagem e o desenvolvimento de suas capacidades de abstração, reflexão, interpretação, proposição;
- Valorizar os papéis sociais desempenhados pelos jovens;
- Qualificar os processos de construção de sua identidade e de seu Projeto de Vida;
- Assegurar tempos e espaços para que os estudantes reflitam sobre suas experiências e aprendizagens individuais e interpessoais;
- Promover a aprendizagem colaborativa, desenvolvendo nos estudantes a capacidade de trabalharem em equipe;
- Estimular atitudes cooperativas e propositivas para o enfrentamento dos desafios da comunidade, do mercado de trabalho e da sociedade em geral, alicerçadas no conhecimento e na inovação.